domingo, 28 de novembro de 2010

Sonho

“O sonho é o guardião do sono” Sigmund Freud; E o sujeito sonha para não acordar.

O que é um sonho? Não é deitar, dormir e sonhar. Isso não é sonho. É acordar e narrar, contando para o psicanalista numa narrativa única. Ou seja, que se for contada outra vez será diferente, pois nunca é contada de maneira igual.
É uma ciência psicanalista que começou como sendo uma ciência onírica. Ruptura epistemológica freudiana. Todo sonho tem um conteúdo, para interpretá-lo a primeira coisa a se fazer é associar o sonho com a história do paciente (o que significa o abismo? A canoa?). Ex.: Não existe medo de avião, ele é um significante que substitui outro significante. Conteúdo manifesto: é o que aparece no sonho. Ex.: estrangular cão. Conteúdo latente: estrangular a cunhada.
Não é o sonho que se sonha que é importante e sim a narrativa do sonho. Não é o sonho exato que interessa. Exemplo, paciente sonha usando droga e se acorda sob o efeito dela.
A recordação do sonho é facilitada em momentos de não tensão, como nas férias, ou finais de semana. Os mais lembrados são os mais carregados, ou seja, os mais cheios de sentimentos. Exemplo: pesadelos. Esses são os mais fáceis de lembrar.
Sonho para psicanálise implica em disfarce, o inconsciente não se pode manifestar diretamente e o pensamento psíquico sempre precisa de um ocultamento. Para Freud o sonho é efeitos finais de processos mentais ocultos...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Psicoses

Para falar das psicoses deve-se partir do pressuposto de que elas formam um grande grupo, composto pelas estruturas esquizofrênica, paranóica e melancólica. Embora cada uma dessas estruturas tenha a sua especificidade, o que a caracteriza como um grupo é a dificuldade de organização “objetal”, manifesta em graus diferentes. É importante fazer esta diferenciação porque em na sociedade atual ainda há a representação estereotipada do louco, como se todos eles fossem esquizofrênicos. A seguir é importante observar que a loucura existe em diferentes níveis de organização e mais, é possível notar, no cotidiano, pessoas de estruturas não psicóticas cometendo atos insanos.
Estrutura Esquizofrênica
A estrutura psicótica do tipo esquizofrênica corresponde a uma falência da organização narcísica primária nos primeiros instantes da vida, ocorrendo assim uma impossibilidade da criança separa-se da mãe. Nesta estruturação, há uma alienação do conteúdo, mas segundo Dr. Duboir o que a caracteriza essencialmente é a alienação do continente, ou seja, é o funcionamento mental que está alienado. A alienação do conteúdo é muito mais conseqüência da dificuldade de pensar do que origem da problemática.
Em todo ser humano há uma dimensão diferencial, denominada recorte sincrônico, que permite que dentre de varias imagens, permitindo distingui-las de maneira especifica. Na estrutura esquizofrênica, esta dimensão está comprometida. Contudo não é somente a percepção que está prejudicada, o esquizofrênico também possui dificuldade no campo semântico. Por exemplo, ele tem dificuldade de compreender se o exercito está na rua para ma marcha ou para uma guerra...

Relação de Objeto Psicótica Esquizofrênico
Antes de se discorrer sobre as relações objetais da estrutura esquizofrênica é preciso ressaltar que a esquizofrenia tem um componente orgânico, sobre o qual não se pode incidir toda a responsabilidade do desenvolvimento dessa estrutura psíquica, pois as relações que o sujeito estabelece na infância e adolescência são fundamentais para seu desenvolver estrutural. Por estes mesmos motivos, não cabe falar que a mãe fabrica o esquizofrênico, uma vez que há um componente orgânico e ao longo da infância o sujeito estabelece relações com outras pessoas que não a mãe. Cabe ainda ressaltar que a esquizofrenia não é uma doença, mas sim uma síndrome, ela é diferente de paciente para paciente. Dentro da própria esquizofrenia há formas mais organizadas e outras arcaicas, sendo o autismo esquizofrênico a mais arcaica possível.
Como já foi dito, a estrutura esquizofrênica corresponde a uma falência da organização primária narcísica, em outras palavras, ela decorre de uma não ultrapassagem do registro pré-objetal, o sujeito não consegui separar-se simbolicamente da mãe, do que decorre a dificuldade da personalização e ausência de desejos típicos dessa estrutura. O desejo nasce do sujeito, não há como manipulá-lo. Mas o que o esquizofrênico quer é não sentir falta do objeto. Por exemplo, um esquizofrênico poderia dizer: “Manaus é uma cidade perfeita”, de modo que para ele não falta nada. Ou seja, ele não consegue construir objeto que vai ser causa depois do desejo.
No que diz respeito a essa luta que o sujeito trava para se dispersar da busca objetal, pode-se dizer que o delírio paranóide é uma grande evolução, porque significa que ele está tentando é construir o mundo. Antigamente era muito comum encontrar o delírio místico, religioso. Hoje, como a religião está difundida em todo lugar, não há mais porque delirar sobre este tema. Isso mostra que o delírio trata-se de um processo de construção. Nele o sujeito constitui um objeto, mas um objeto não representado, alucinado, construído a partir de um externo, do que ele percebe. Assim, pode-se dizer que esta fase do delírio encontra-se intermediária entre os dois extremos – neurose e autismo, estando um pouco mais próxima da neurose.
Uma mãe super protetora, sempre presente, de maneira a não permitir a criança a alcançar o registro dos desejos, evita a hiância, um conceito Lacaniano, que significa o furo, a falta que fomenta o desejo. Essa mãe sempre presente pode ser vista como perseguição. O que é importante não é a presença, é o jugo presença-ausência, razão pela qual nos faz pensar que é ótimo as mães trabalharem...

Estrutura Paranóica
Dentro das estruturas psicóticas, a estrutura paranóica é a mais avançada, a mais próxima da normalidade, no sentido de que é a mais próxima da realidade. Pode-se dizer que a estrutura melancólica no ponto de vista do ego. O melancólico fora da melancolia vive uma vida normal sendo que o problema desta estrutura é que ela é capaz de regressões muito abaixo da estrutura paranóica. A estrutura paranóica é muito presente em nossa sociedade, o erro é essencialmente paranóico, a forma de aquisição do conhecimento humano é paranóico, podemos dizer que o mundo é um dos paranóicos. Grandes nomes da história foram paranóicos, como Jean Jaques Russeau e Salvador Dali.
Fazendo um paralelo com a estrutura esquizofrênica, podemos dizer que enquanto esta se encontra marcada por fixações pré-genitais, de dominância oral, a estrutura paranóica, por seu turno, corresponde especificamente a uma organização psicótica do ego fixada a uma economia pré-genital com preponderância anal, tocando mais particularmente o 1° substágio anal, que é o da retenção. Esta estrutura é caracterizada clinicamente pela superestimulação de si mesmo e desprezo pelos outros, sendo que o ego é organizado e não alienado, ou seja, é um ego topicamente erigido, capaz de um processo organizado e de um ato refletido. O paranóico tem um ego muito mais desenvolvido que do esquizofrênico. Contudo, para manter este ego funcionando, ele precisa de um objeto submetido a ele. O esquizofrênico tem aquela confusão com o objeto, o paranóico não, ele conseguiu isso, porém o outro será submetido, porque ele só vai garantir a manutenção do ego às expensas do outro.
Nesta estrutura, o ego é aparentemente constituído como existente, mas ele não pode admitir a existência objetal, a não ser quando o objeto lhe permite assumir a onipotência do seu controle sobre ele; essa é a condição essencial para a organização objetal do paranóico. A estrutura paranóica tem necessidade da adesão do objeto ao sistema, não podendo de sentir completo, a não ser desta maneira. Trata-se de fato de uma contrapartida narcisista evidente para o ego particularmente frágil.
Pessoas tidas como inteligentes, pessoas de estrutura paranóica se vêem como perfeitas. Com ótima qualificação profissional, costumam ver o objeto como lixo. O sujeito sente que é o centro do universo, o mundo gira em torno dele. É como se ele fosse o sol e os outros os astros que giram em torno dele. Ele sente-se o agente determinante e criador, de forma que o objeto é o instrumento, que não será jamais separo do seu criador, a não ser para lhe confirmar a impressão da sua onipotência, para lhe confirmar seu valor. Nesta fase do ego o objeto é considerado por si mesma, ele não é jamais senão instrumento. A existência do paranóico está voltada para a construção de um sujeito perfeito. Podemos dizer, por exemplo, que os reis de antigamente, o rei sol, os faraós tinham comportamentos paranóicos ao se sentirem o centro e quererem ser lembrados eternamente, governantes da atualidade também que saem carimbando o nome deles em todo lugar, mesmo em obras públicas...
Estrutura Melancólica
Antes de falarmos de melancolia, cabe uma ressalva, a depressão não é uma doença, mas sim um sintoma extremamente variável, de forma que há formas psicóticas da depressão, que é o caso da melancolia, que é uma psicose. Então, pode-se ter só melancolia, ou aquilo que se chamava de psicose maníaco-depressiva, na qual o sujeito tem a melancolia e tem momentos de mania, de elevação, que é o que se chama hoje de transtorno bipolar. Para Melaine Klein, maníaco-depressivo seria aquele que fracassa no trabalho do luto por haver conseguido na primeira infância estabelecer o vinculo afetivo com suficientes objetos bons internos, o que levaria a segurança interior, daí a sua fragilidade. Assim, ele faz separação, mas ele não construiu um ideal do ego que desse para suportar o impacto de viver essa separação e pode largar o objeto e sair procurando, superar essa perda do objeto. Esse entendimento é importante, pois todo problema da loucura é esse: o ser constitui-se como objeto, separar-se do objeto e suportar esse impacto. Assim, poderíamos sintetizar da seguinte forma: o esquizofrênico não quer nem sonhar em ter uma relação com o objeto, o paranóico quer controle e o drama do melancólico é dependência do objeto...

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sintoma no Transtorno da Depressão

                Como fica forte uma pessoa quando está segura de ser amada! Sigmund Freud
Critérios para o episódio depressivo maior no DSM IV

A característica essencial de um episódio depressivo maior é um período mínimo de duas semanas, durante as quais há um humor deprimido ou perda de interesse ou prazer por quase todas as atividades. Em crianças e adolescentes, o humor pode ser irritável ao invés de triste. O indivíduo também deve experimentar pelo menos quatro sintomas adicionais, extraídos de uma lista que inclui: alterações no apetite ou peso, sono e atividade psicomotora; diminuição da energia; sentimentos de desvalia ou culpa; dificuldades para pensar, concentrar-se ou tomar decisões, ou pensamentos recorrentes sobre morte ou ideação suicida, planos ou tentativas de suicídio.
            A fim de contabilizar para um episódio depressivo maior, a presença de um sintoma deve ser recente ou então ter claramente piorado, em comparação com o estado pré-episódico da pessoa. Os sintomas devem persistir na maior parte do dia, praticamente todos os dias, por pelo menos duas semanas consecutivas. O episódio deve ser acompanhado por sofrimento ou prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, profissional ou outras áreas importantes da vida do indivíduo. Para alguns indivíduos com episódios mais leves, o funcionamento pode parecer normal, mas exige um esforço acentuadamente aumentado. O humor em um episódio depressivo maior freqüentemente é descrito pela pessoa como deprimido, triste, desesperançado, desencorajado ou "na fossa" (Critério A1). Em alguns casos, a tristeza pode ser inicialmente negada, mas subseqüentemente pode ser revelada pela entrevista (por ex., assinalando que o indivíduo parece prestes a chorar). Em alguns indivíduos que se queixam de se sentirem indiferentes ou ansiosos, a presença de um humor deprimido pode ser inferida a partir da expressão facial e do modo de portar-se. Alguns indivíduos salientam queixas somáticas (por ex., dores ou mazelas corporais) ao invés de sentimentos de tristeza.
            Muitos referem ou demonstram irritabilidade aumentada (por ex., raiva persistente, uma tendência para responder a eventos com ataques de ira ou culpando outros, ou um sentimento exagerado de frustração por questões menores). Em crianças e adolescentes, pode desenvolver-se um humor irritável ou rabugento, ao invés de um humor triste ou abatido. Esta apresentação deve ser diferenciada de um padrão de "criança mimada", que se irrita quando é frustrada.
A perda de interesse ou prazer quase sempre está presente, pelo menos em algum grau. Os indivíduos podem relatar menor interesse por passatempos, "não se importar mais", ou a falta de prazer com qualquer atividade anteriormente considerada agradável (Critério A2).
Os membros da família freqüentemente percebem retraimento social ou negligência de atividades agradáveis (por ex., um indivíduo que anteriormente era um ávido golfista deixa de jogar, uma criança que gostava de futebol encontra desculpas para não praticá-lo). Em alguns indivíduos, há uma redução significativa nos níveis anteriores de interesse ou desejo sexual.
            O apetite geralmente está reduzido, sendo que muitos indivíduos sentem que precisam se forçar a comer. Outros, particularmente aqueles encontrados em contextos ambulatoriais, podem ter diminuição do apetite ou demonstrar uma avidez por alimentos específicos (por ex., doces ou outros carboidratos). Quando as alterações no apetite são severas (em qualquer direção), pode haver uma perda ou ganho significativos de peso, ou, em crianças, pode-se notar um fracasso em fazer os ganhos de peso esperados. (Critério A3). A perturbação do sono mais comumente associada com um episódio depressivo maior é a insônia (Critério A4), tipicamente intermediária (isto é, despertar durante a noite, com dificuldade para voltar a dormir), ou terminal (isto é, despertar muito cedo, com incapacidade de conciliar o sono novamente).
            A insônia inicial (isto é, dificuldade para adormecer) também pode ocorrer. Com menor freqüência, os indivíduos apresentam sonolência excessiva (hipersonia), na forma de episódios prolongados de sono noturno ou de sono durante o dia. Ocasionalmente, a razão pela qual o indivíduo busca tratamento pode ser a perturbação do sono. As alterações psicomotoras incluem agitação (por ex., incapacidade de ficar sentado quieto, ficar andando sem parar, agitar as mãos, puxar ou esfregar a pele, roupas ou outros objetos) ou retardo psicomotor (por ex., discurso, pensamento ou movimentos corporais lentificados; maiores pausas antes de responder; fala diminuída em termos de volume, inflexão, quantidade ou variedade de conteúdos, ou mutismo) (Critério A5). A agitação ou retardo psicomotor devem ser suficientemente severos para serem observáveis por outros, não representando meros sentimentos subjetivos.
            Diminuição da energia, cansaço e fadiga são comuns (Critério A6). O indivíduo pode relatar fadiga persistente sem esforço físico, e mesmo as tarefas mais leves parecem exigir um esforço substancial. Pode haver diminuição na eficiência para realizar tarefas. O indivíduo pode queixar-se, por exemplo, de que se lavar e se vestir pela manhã é algo exaustivo e pode levar o dobro do tempo habitual. O sentimento de desvalia ou culpa associado com um episódio depressivo maior pode incluir avaliações negativas e irrealistas do próprio valor, preocupações cheias de culpa ou ruminações acerca de pequenos fracassos do passado (Critério 7). Esses indivíduos freqüentemente interpretam mal eventos triviais ou neutros do cotidiano como evidências de defeitos pessoais e têm um senso exagerado de responsabilidade pelas adversidades.
            Um corretor imobiliário, por exemplo, pode culpar-se pelo seu fracasso em fazer vendas, mesmo quando há um colapso geral no mercado e os outros corretores também não conseguem vender. O sentimento de desvalia ou culpa pode assumir proporções delirantes (por ex., convicção de ser pessoalmente responsável pela pobreza que há no mundo). A auto-recriminação por estar doente e por não conseguir cumprir com as responsabilidades profissionais ou interpessoais em conseqüência da depressão é muito comum e, a menos que seja delirante, não é considerada suficiente para satisfazer a este critério.
            Muitos indivíduos relatam prejuízo na capacidade de pensar, concentrar-se ou tomar decisões (Critério A8). Essas pessoas podem mostrar-se facilmente distraídas ou queixar-se de dificuldades de memória. Os indivíduos com atividades acadêmicas ou profissionais intelectualmente exigentes com freqüência são incapazes de funcionar adequadamente, mesmo quando têm problemas leves de concentração (por ex., um programador de computadores não consegue mais realizar as tarefas complicadas que anteriormente realizava com perfeição).
            Em crianças, uma queda abrupta no rendimento escolar pode refletir uma fraca concentração. Em indivíduos idosos com um episódio depressivo maior, as dificuldades de memória podem ser a queixa principal e ser confundidas com os sinais iniciais de uma demência ("pseudodemência"). Quando o episódio depressivo maior é tratado com sucesso, os problemas de memória freqüentemente apresentam recuperação completa. Em alguns indivíduos, entretanto, particularmente pessoas idosas, um episódio depressivo maior pode às vezes ser a apresentação inicial de uma demência irreversível. Freqüentemente, pode haver pensamentos sobre morte, ideação suicida ou tentativas de suicídio (Critério A9). Esses pensamentos variam desde uma crença de que seria melhor estar morto, até pensamentos transitórios porém recorrentes sobre cometer suicídio ou planos específicos para se matar. A freqüência, intensidade e letalidade desses pensamentos podem ser bastante variáveis...
           

sábado, 13 de novembro de 2010

A Linguagem

“O que se passa no homem repercute no corpo” Sigmund Freud

O maior problema ao longo da história se dá na separação do corpo e da alma. O que define o homem é a linguagem, a linguagem humana não possui paralelo no meio animal nem nas máquinas. Sendo de caráter essencial que cria entra a palavra e o objeto um vazio de modo que a palavra por si só não diz nada. Pois uma mesma palavra em contextos diferentes tem sentidos distintos.
Signo é a relação entre o significado e o significante. Que o Lacan inverteu isso. O que domina no inconsciente é o significante; que só produz significado quando se liga ao outro. Paciente que possui fobia a cavalo (só com essa informação não sabe o significante), pois pode haver um significado metafórico.
Uma palavra por si só não diz nada. No sentido dicionarizado não tem valor nenhum; e, também, não é a palavra com qual se lida. Por exemplo, uma criança com medo da bruxa. Essa bruxa pode ser a mãe da criança. O mesmo ocorre com o sintoma. Não é só produzido pela doença, não há nenhuma unívoca que uma o sintoma à doença.
As funções da linguagem segundo Jakobson:
Segundo o autor, a linguagem apresenta uma variedade de funções, mas, para que possamos compreender cada uma delas, devemos levar em conta os elementos constituídos de todo ato comunicação que estão abaixo arranjados.

                                   Contexto mensagem
Remetente                                                                              Destinatário
                                   Contato código

Devemos entender desse quadro que, para que haja comunicação, não basta que um remetente envie uma mensagem a um destinatário, pois, para que essa mensagem seja compreendida, é necessário que ela preencha algumas condições. Isso tem que ser compreendido para que a mensagem eficaz se realize.
a)      Um contexto apreensível pelo destinatário Está aqui diante de outro termo difícil definição. A noção de “contexto” remete ao próprio conteúdo referencial da mensagem, ou seja, às informações que fazem a realidade. Resumindo para que o destinatário possa compreender a mensagem, precisa conhecer um conjunto de informações que uni desde elementos relacionados ao momento da produção dessa mensagem até dados referentes ao conhecimento do assunto em pauta. A esse conjunto de conhecimento podemos chamar de contexto.
b)      Um código que seja conhecido por remetente e destinatário
c)      Um contato ou canal físico e uma conexão psicológica entre remetente e destinatário que permita a troca de informações

Com base nesses elementos constituídos do ato de comunicação, Jakobson, estipulou seis funções da linguagem, cada uma centrada de tais elementos:
1)      Função Referencial – Consiste na transmissão de informações do remetente ao destinatário. Em função está centrada no contexto já que reflete uma preocupação em transmitir conhecimento
2)      Função Emotiva – Consiste na exteriorização da emoção do remetente em relação àquilo que fala de modo que essa emoção transpareça ao nível da mensagem.
3)      Função Conativa – Consiste em influenciar o comportamento do destinatário. Essa função está centrada no destinatário, já que ele é o alvo das informações.
4)      Função Fálica – Consiste em iniciar, prolongar ou terminar um ato de comunicação. Está, portanto, centrada no canal. Já que não propriamente à comunicação, mas ao estabelecimento ou ao fim do contato, refletido também a preocupação de testar o contato.
5)      Função Metalingüística – Consiste em usar a linguagem para se referir à própria linguagem. Centrada no código essa função se justifica pelo fato de os humanos utilizarem a linguagem para se refletir não apenas à realidade biossocial, mas também aos aspectos relacionados ao código ou à linguagem utilizada para esse fim.
6)      Função Poética – Consiste na projeção do eixo de seleção sobre o eixo da combinação dos elementos lingüísticos. Centrada na mensagem.

Classes das Palavras
Capacidade das palavras em expressar nossas experiências de vida: designação: para simbolizar o mundo. E ordená-lo. Comunicar por meio de signos. Por exemplo, o esquizofrênico só usa substantivos gerais. O homem desmata a floresta. O substantivo serve para generalizar: planetas. Existem muitas diferenças entre si. O mais importante são os adjetivos servem para acompanhar e expressar qualidade.
A análise não se importa com as informações e, sim, como se fala. Numa função de simbolização. Formar o sujeito. Simbolizar o Universo e passá-lo através de signos. No esquizofrênico essa linguagem está desorganizada.
A predicação: procedimento de simbolizar numa declaração do sujeito, permitindo construir um saber sobre ele pelo verbo. Assim, a linguagem não é simplesmente um elo comunicativo. E sim, tem função de formar o indivíduo através de uma simbolização primordial.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Histeria

A histérica quer um mestre sobre o qual ela possa reinar” Lacan

Sintomatologia da histérica desafia até hoje os médicos, pois é um discurso sem sintoma. Na época clássica as portadoras desse mal eram queimadas na fogueira. Há registro dessa doença desde o Egito Antigo. Cerca de quatro mil anos atrás. E com o Freud, através de um estudo inédito passou a se descobrir o que realmente existe por de trás disso. Na verdade, trata-se de uma dificuldade de lidar com o sexo. Uma questão que atravessou séculos e mesmo com o advento da internet, por que as pessoas ainda hoje fazem sexo à distância? Por que um jovem sem problemas de ereção tem que usar Viagra?
Vem (do francês hystérie e este, do grego ὑστέρα, "matriz"). O termo tem origem no termo médico grego hysterikos, que se referia a uma suposta condição médica peculiar a mulheres, causada por perturbações no útero, hystera em grego.
            É um transtorno do discurso poli-sintomático onde todo o drama é o corpo. Histeria é diferente de epilepsia, pois costuma ser confundido por apresentar convulsão. As histéricas sofrem conversão. Tem problemas na sexualidade, pois não consegue assumir o desejo sexual.
            A sexualidade ultrapassou o campo genital, logo a histérica consegue gozar com o corpo todo. O tratamento antigamente era feito com hipnose, e análise. Essa última maneira de tratar surgiu graças ao Freud. Assim, antes dessa revolução na forma de tratar e até hoje a histeria desafia o saber médico. Um dado interessante é que muitas feiticeiras eram Histéricas e o tratamento dado na época, graças a Igreja Católica, foi a morte na fogueira.
            Os homens apresentam histeria tanto quanto as mulheres, devido à impotência sexual (de natureza não orgânica); o homem precisa da mulher para ter ereção. Ou graças à ejaculação precoce. No geral, os homens têm medo das mulheres, por não saberem lidar com elas. E atualmente essa doença tem tido vários sinônimos, por exemplo, transtorno de stress pós-traumático.
            A principal questão da histérica é que não há relação sexual propriamente dita. O sexo do homem não complementa o da mulher. Pois é muito fácil a mulher perceber quando o homem goza, mas a recíproca não é verdadeira. Pois não é uma relação matemática, que muitas vezes encontra apoio na idéia de alma gêmea, a metade da laranja. Quando, na verdade, o desejo é quem une o homem à mulher e vice-versa!
            Transtorno de personalidade histriônica – DSM IV(Manual Diagnóstico e Estatístico de DSM IV)(antiga personalidade histérica). A característica essencial do transtorno da personalidade histriônica consiste de um padrão invasivo de emocionalidade excessiva e comportamento de busca de atenção, que começa no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos. Os indivíduos com transtorno da personalidade histriônica sentem-se desconfortáveis ou desconsiderados quando não são o centro das atenções (Critério 1). Freqüentemente animados e dramáticos, tendem a chamar a atenção sobre si mesmos e podem, de início, encantar as pessoas com quem travam conhecimento por seu entusiasmo, aparente franqueza ou capacidade de sedução. Tais qualidades, contudo, perdem sua força à medida que esses indivíduos continuamente exigem ser o centro das atenções. Eles requisitam o papel de "dono da festa".
            Quando não são o centro das atenções, podem fazer algo dramático (por ex., inventar estórias, fazer uma cena) para chamar a atenção. Esta necessidade freqüentemente se manifesta em seu comportamento diante do clínico (por ex., adular, trazer presentes, oferecer descrições dramáticas de sintomas físicos e psicológicos que a cada consulta são substituídos por sintomas novos).
            A aparência e o comportamento dos indivíduos com este transtorno com freqüência são, de maneira inadequada, sexualmente provocantes ou sedutores (Critério 2). Este comportamento é dirigido não apenas às pessoas pelas quais o indivíduo demonstra um interesse sexual ou romântico, mas ocorre em uma ampla variedade de relacionamentos sociais, ocupacionais e profissionais, além do que seria adequado para o contexto social. A expressão emocional pode ser superficial e apresentar rápidas mudanças (Critério 3). Os indivíduos com este transtorno usam consistentemente sua aparência física para chamar a atenção (Critério 4).
            Eles empenham-se excessivamente em impressionar os outros com sua aparência e despendem tempo, energia e dinheiro excessivos para se vestir e se arrumar. Eles podem "caçar elogios" pela sua aparência e se aborrecer com facilidade e em demasia por algum comentário crítico acerca de como estão ou por uma fotografia na qual, em sua opinião, não saíram bem.
            Esses indivíduos têm um estilo de discurso excessivamente impressionista e carente de detalhes (Critério 5). Fortes convicções em geral são expressadas com talento dramático, porém com um embasamento vago e difuso, sem fatos e detalhes corroborantes. Por exemplo, um indivíduo com Transtorno da Personalidade Histriônica pode comentar que determinado indivíduo é uma pessoa maravilhosa, porém ser incapaz de oferecer quaisquer exemplos específicos de boas qualidades que confirmem sua opinião.        Os indivíduos com este transtorno caracterizam-se por autodramatização, teatralidade e expressão emocional exagerada (Critério 6). Eles podem embaraçar amigos e conhecidos por uma excessiva exibição pública de emoções (por ex., abraçar conhecidos casuais com um ardor exagerado, soluçar incontrolavelmente em ocasiões sentimentais de pouca importância, ou ter ataques de fúria). Entretanto, suas emoções com freqüência dão a impressão de serem ligadas e desligadas com demasiada rapidez para serem profundamente sentidas, o que pode levar a acusações de que estão fingindo. Os indivíduos com transtorno da personalidade histriônica têm um alto grau de sugestionabilidade (Critério 7).Suas opiniões e sentimentos são facilmente influenciados pelos outros e por tendências do momento. Eles podem ser confiantes demais, especialmente em relação a fortes figuras de autoridade, a quem vêem como capazes de oferecer soluções mágicas para seus problemas. Eles apresentam uma tendência a curvar-se a intuições ou adotar convicções prontamente. Os indivíduos com este transtorno muitas vezes consideram os relacionamentos mais íntimos do que são de fato, descrevendo praticamente qualquer pessoa recém conhecida como "meu querido, meu amigo" ou chamando um médico visto apenas uma ou duas vezes sob circunstâncias profissionais por seu prenome (Critério 8). Devaneios românticos são comuns...

          

O Sintoma

"E os que dançavam foram considerados loucos por aqueles que não ouviam a música". Nietzsche


              
Uma das maiores limitações da Medicina é querer eliminar o sintoma a todo custo, pois essa se apóia basicamente na tecnologia, no diagnóstico de imagem que é um sistema lucrativo para terceiros e, cada vez mais, há um profundo esquecimento da técnica semiológica. Uma vez que a sua origem foi calcada na clínica e hoje isso caiu por terra. E, muitas das vezes, estimulada pelo próprio paciente. Eis a principal crítica da psicanálise, a temática do sintoma. Nem sempre um sintoma está relacionado a uma alteração anatomo-patológica, mas sim a uma informação do inconsciente. Por exemplo, a anorexia nervosa e bulimia a princípio não têm alterações orgânicas, só a posteriori quando a alimentação é intensamente prejudicada observa-se amenorréia nas mulheres.  E para que esse sintoma possa ir a análise é preciso que haja uma queixa. Exemplo: obsessão. Não há compulsão sem obsessão. Não há obsessão sem angústia. O obsessivo é um sujeito que tem diversas dificuldades, principalmente com o desejo. Nenhum deles se atreve com mulheres que são muito desejadas. Eles não conseguem suportar essa questão do desejo da mulher por muito tempo. Pois é complicado tanto para o homem quanto para mulher sustentar o desejo; todo neurótico tem dificuldade nisso. Não existe a análise para se autoconhecer. É preciso ter sofrimento (um sintoma). Que vai existir antes, durante e depois da análise sempre! Pois, é impossível tentar eliminar a raiz do sintoma, o real.
Não há autoconhecimento, nem auto-análise devido o eu (que é um sintoma). Assim, a análise através do autoconhecimento é fruto da ignorância e do charlatanismo e nem existe análise sem sintoma: eis a base do método psicanalítico. Então, a análise só é possível a partir de um sintoma; que o ser humano o produz independente de ter uma doença, ou não. Em qualquer doença orgânica nunca se encontrarão os mesmos sintomas no paciente e esses não são de natureza objetiva. Embora, os sonhos e atos falhos sejam analisáveis. Por isso é difícil tratar a esquizofrenia, pois o doente não se incomoda com a sua loucura, sente-se até bem. Chegando a achar que é o dono do mundo, caracterizando a megalomania.
O eu é uma relação especular constituída pelo próximo através do narcisismo feito para não ter conhecimento de si. Os melancólicos são os que mais chegam perto do autoconhecimento, pois é preciso sofrimento para se ter noção do quão falho se é. Para construir um saber é preciso o sofrimento, não existe conhecimento sem sofrimento. Exemplo maior disso é o saber proveniente da vivência, por mais que haja conselhos ou avisos; a vida é realmente quem ensina. Todo sintoma mesmo sendo orgânico se produz um gozo. Exemplo maior disso são os indivíduos que comem até dilatar o estômago e doer, ultrapassando o limite do prazer e indo até o sofrimento. Só existe sintoma porque há gozo. Todo ser humano é masoquista, só sente prazer quando goza e sofre. Pois o homem não é apenas racional, ou irracional. Ele junta as duas coisas (se for verdade a evolução o homem rompeu com a animalidade).
E muitas pessoas recorrem às drogas para não saber nada de si, para tentar fugir da realidade. E para ter alienação. Quem se droga faz papel de idiota. Mas a droga é um remédio, assim como todo remédio é uma droga. Os toxicômanos usam da automedicação para obter satisfação e depois começam a tomar cada vez mais até culminar numa overdose, geralmente fatal. A mania é o contrário da melancolia.
Para haver análise é necessário ter a demanda na forma de um sintoma, o que leva o sujeito fazer a demanda é o sofrimento causado pelo sintoma. Pode existir sintoma sem doença e doença sem sintoma. Exemplo, agorafobia: medo de espaços abertos no qual não existe uma alteração orgânica. A própria superstição é um sintoma do transtorno obsessivo.
Tem um lado superficial do sintoma que é apenas, uma ponta do iceberg. Ex: lavar a mãos mil vezes é um sintoma superficial. Na verdade, esse indivíduo tem problema com mulheres. Ou melhor, um impasse com o superego.
Um cantor famoso - a esposa morreu e ele usa roupa branca para encontrar a sua esposa. Ou seja, tem o superficial (roupa branca) e o verdadeiro (vontade de transar com a esposa que já morreu). Outro exemplo são os indivíduos que só andam de um lado da rua, porque se forem pelo outro lado algo de ruim vai acontecer. Isso não é superstição, trata-se de uma obsessão. Muitos neuróticos obsessivos levam anos para procurar um tratamento. E só procuram quando esses sintomas estão insuportáveis.
A figura materna a princípio significa Deus. Quando a parceira é boa de cama torna-se difícil a separação. Todo homem irá deparar-se com uma mulher no qual um dia irá ser impotente sexualmente. O funcionamento da sexualidade depende muito do outro, o mal da maioria das pessoas é pensar que as coisas funcionam mecanicamente. Pois ter desejo por qualquer mulher não é uma característica humana; pois todos sofrem uma castração simbólica determinando uma via de prazer a determinadas pessoas. O sintoma também está ligado de certa forma ao gozo. Quando o indivíduo usa drogas no início ele se sente bem, num verdadeiro gozo. Depois se apaixona, pela droga, e não quer saber mais de nada. Não liga mais pra nada.
Existem dois corpos: um biológico e outro erógeno, montado pela relação com os pais. Quando o indivíduo nasce possuí um corpo anatômico, mas não vive dele. Vive com o corpo montando; construída na relação materna onde a mãe amamenta a criança e a toca em certos lugares e quando esse indivíduo cresce, ele sente prazer em determinados lugares no ato sexual. E é preciso o sujeito ter uma determinada experiência para ver que o outro precisa de um prazer, de uma satisfação.
O paciente tem prazer com o próprio sintoma. Ele tem certo ar de satisfação. Pois o homem como espécie do ponto de vista estrutural é um animal perverso, pois goza com o sofrimento. No caso o sadismo – usa de força para fazer com que o outro sinta prazer, força essa desnecessária. As anoréxicas gozam não se alimentando, configurando a idéia de que cada um goza à sua maneira.
Então, por que o homem produz sintoma? Porque parte do gozo sexual vai para o sintoma. Até no sintoma orgânico há gozo. O que destrói a teoria do bom selvagem de Rousseau. O homem nasce um parasita, horrível, morde o seio da mãe durante a amamentação. Por pior que seja a sociedade, só estamos aqui devido à sociedade. O ser humano precisa do outro. Um pai e uma mãe, por pior que sejam, são necessários à criação de um sujeito.
O homem não gosta do sofrimento, nem o busca. O que ocorre é que na busca por prazer confronta-se com caminhos que levam ao sofrimento.
Só o sintoma não é suficiente para que o indivíduo procure ajuda. É necessário que o mesmo perceba o quanto está sendo idiota, ou que aquele sintoma o incomode muito. E é visto de cara como algo que o outro deve curar. Isso também é importante, pois deve ser visto como uma criação do sujeito, que produz o sintoma inconscientemente.
É necessário o sujeito achar que o analista vai curá-lo, caso ele não pense assim não tem análise. Embora, isso não seja verdadeiro, quer dizer, o analista precisa fazer o indivíduo falar muito para encontrar de onde vem a produção desse sintoma, ver a sua origem...