Professor da Ufam, Manoel Galvão, de 64 anos, foi encontrado em seu próprio carro, na Rua Vicente Torres Reis, no bairro São Jorge (zona oeste de Manaus), no dia 11 de dezembro.
[ i ] Manoel Dias Galvão é um dos pioneiros da psicanálise no Amazonas. Foto: Chico Batata/ Acervo-DA
Manaus - O médico psiquiatra Manoel Dias Galvão, de 64 anos, baleado na cabeça no dia 11 de dezembro de 2010 em uma suposta tentativa de assalto em circunstâncias ainda não totalmente esclarecidas pela polícia, recebeu alta do Hospital da Unimed, no bairro da Cachoeirinha (zona centro-sul de Manaus), há poucos dias. A informação é de uma enfermeira que pediu para não identificada.
O dia exato da alta médica não foi divulgado pelo hospital, assim como o dia da transferência entre a unidade particular e o Hospital Pronto-Socorro João Lúcio (zona Leste), onde Manoel Galvão permaneceu internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) logo após a ocorrência. A família não autorizou dar esta informação, segundo o hospital.
Professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Manoel Galvão, de 64 anos, foi encontrado em seu próprio carro, na Rua Vicente Torres Reis, no bairro São Jorge (zona oeste de Manaus). Pouco depois, o médico foi submetido a uma cirurgia de retirada do projétil que estava alojado no crânio. Dias depois da internação, enquanto ainda estava na UTI do Hospital João Lúcio, o quadro clínico de Galvão apresentou breve melhora. Ele ficou em coma induzido, respirando através de aparelho de ventilação mecânica.
A reportagem do Portal D24am tentou entrar em contato nesta quinta-feira (6) com a família do médico, que não quis dar informações sobre o atual estado de saúde do professor da Ufam. De acordo com amigos, Galvão está bem e em fase de recuperação.
Médico implantou a psicanálise no Amazonas
Manoel Dias Galvão foi um dos introdutores da psicanálise no Amazonas, entre o fim dos anos 80 e início dos anos 90. Quem afirma é o também médico psiquiatra Rogélio Casado, ex-aluno e amigo de Galvão. Em entrevista ao Portal D24am, Casado contou um pouco da história profissional e acadêmica do ex-professor.
De acordo com Casado, Manoel Galvão trouxe a psicanálise ao Amazonas a partir de um desencantamento que teve com a psiquiatria no Estado. “Entre 1978 e 1979, ele ficou tão desencantado com a psiquiatria no Amazonas, que ele saiu do hospital psiquiátrico (Eduardo Ribeiro) e foi trabalhar em um ambulatório, onde ficou até os dias atuais”, conta Casado. O segmento trazido por Galvão, conforme conta Casado, foi a “psicanálise lacaniana”, do psicanalista francês Jacques-Marie Émile Lacan.
Antes do momento em que se afastou definitivamente da psiquiatria, Manoel Galvão atuou, junto com Rogélio Casado e outros nomes, a exemplo de Silvério Tundes, no combate à “ideologia manicomial”. “A lógica dos manicômios sempre foi a exclusão social. O nossa proposta é um trabalho de caráter substitutivo. Pãe fora os manicômios e se coloca uma rede de atendimento psicossocial. Manoel Galvão é patrono desse movimento”, lembra.
‘Soltem os loucos’
Rogélio Casado conta que conheceu o professor Manoel Galvão em 1974, na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), já com Galvão na figura de professor, em uma clínica que existia em frente ao Campus da Universidade. E foi entre 78 e 79, tal como conta Casado, que Manoel Galvão tomou uma atitude considerada polêmica dentro do próprio segmento da psiquiatria. “Foi nesse período que ele começa a abrir os portões das enfermarias para permitir que os pacientes psiquiátricos pudessem circular”, conta.
O médico, amigo de Galvão, lembra que a medida gerou um problema com os outros médicos. “Os outros médicos eram contrários a isso, mas eles tinham uma formação precária, que reproduz a ideologia manicomial. Galvão começa desmontar essa lógica. Ele não queria ser carcereiro, ele queria que as pessoas circulassem”, explica Casado, dizendo que tomou atitude similar em meados dos anos 80. O médico, que já foi coordenador de saúde mental da Secretaria de Estado da Saúde (Susam), diz que a ideologia de exclusão é similar à eugenia, proposta pelo regime nazista.
“Isso tinha relação com a ideologia nazista, muito próximo da eugenia, que era a ideia de branqueamento da raça. Um professor do Manoel Galvão chegou a escrever um livro sobre isso, e Manoel rompeu com ele. Aqui no Amazonas nos derrotamos esse pensamento, quando ele conseguiu fechar essa clínica”, diz.
Preocupação com a formação profissional
Manoel Galvão sempre se preocupou com a formação dos médicos psiquiatras, de acordo com Rogélio Casado. “Manoel sempre criticou a formação péssima dos profissionais e não à toa. A psiquiatria no Amazonas não tem avançado. Pessoas como Manoel Galvão e Silvério Tundes tinham um discurso muito potente, capaz de problematizar a realidade. Como professor, sempre estimulou seus alunos. Apesar disso, ele se desencantou com a área. Um homem como ele, com inquietação intelectual, é um parceiro de primeira hora, mas eu entendo a insatisfação dele com o setor”, conta Casado.
“Apesar de toda a luta, a reforma da psiquiatria, com a eliminação dos manicômios e sua substituição por redes de atendimento psicossocial, nunca sai do papel. Falta vontade de política”, reclama Rogélio Casado, dando pistas sobre o desencanto do médico Manoel Galvão com o segmento.
O dia exato da alta médica não foi divulgado pelo hospital, assim como o dia da transferência entre a unidade particular e o Hospital Pronto-Socorro João Lúcio (zona Leste), onde Manoel Galvão permaneceu internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) logo após a ocorrência. A família não autorizou dar esta informação, segundo o hospital.
Professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Manoel Galvão, de 64 anos, foi encontrado em seu próprio carro, na Rua Vicente Torres Reis, no bairro São Jorge (zona oeste de Manaus). Pouco depois, o médico foi submetido a uma cirurgia de retirada do projétil que estava alojado no crânio. Dias depois da internação, enquanto ainda estava na UTI do Hospital João Lúcio, o quadro clínico de Galvão apresentou breve melhora. Ele ficou em coma induzido, respirando através de aparelho de ventilação mecânica.
A reportagem do Portal D24am tentou entrar em contato nesta quinta-feira (6) com a família do médico, que não quis dar informações sobre o atual estado de saúde do professor da Ufam. De acordo com amigos, Galvão está bem e em fase de recuperação.
Médico implantou a psicanálise no Amazonas
Manoel Dias Galvão foi um dos introdutores da psicanálise no Amazonas, entre o fim dos anos 80 e início dos anos 90. Quem afirma é o também médico psiquiatra Rogélio Casado, ex-aluno e amigo de Galvão. Em entrevista ao Portal D24am, Casado contou um pouco da história profissional e acadêmica do ex-professor.
De acordo com Casado, Manoel Galvão trouxe a psicanálise ao Amazonas a partir de um desencantamento que teve com a psiquiatria no Estado. “Entre 1978 e 1979, ele ficou tão desencantado com a psiquiatria no Amazonas, que ele saiu do hospital psiquiátrico (Eduardo Ribeiro) e foi trabalhar em um ambulatório, onde ficou até os dias atuais”, conta Casado. O segmento trazido por Galvão, conforme conta Casado, foi a “psicanálise lacaniana”, do psicanalista francês Jacques-Marie Émile Lacan.
Antes do momento em que se afastou definitivamente da psiquiatria, Manoel Galvão atuou, junto com Rogélio Casado e outros nomes, a exemplo de Silvério Tundes, no combate à “ideologia manicomial”. “A lógica dos manicômios sempre foi a exclusão social. O nossa proposta é um trabalho de caráter substitutivo. Pãe fora os manicômios e se coloca uma rede de atendimento psicossocial. Manoel Galvão é patrono desse movimento”, lembra.
‘Soltem os loucos’
Rogélio Casado conta que conheceu o professor Manoel Galvão em 1974, na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), já com Galvão na figura de professor, em uma clínica que existia em frente ao Campus da Universidade. E foi entre 78 e 79, tal como conta Casado, que Manoel Galvão tomou uma atitude considerada polêmica dentro do próprio segmento da psiquiatria. “Foi nesse período que ele começa a abrir os portões das enfermarias para permitir que os pacientes psiquiátricos pudessem circular”, conta.
O médico, amigo de Galvão, lembra que a medida gerou um problema com os outros médicos. “Os outros médicos eram contrários a isso, mas eles tinham uma formação precária, que reproduz a ideologia manicomial. Galvão começa desmontar essa lógica. Ele não queria ser carcereiro, ele queria que as pessoas circulassem”, explica Casado, dizendo que tomou atitude similar em meados dos anos 80. O médico, que já foi coordenador de saúde mental da Secretaria de Estado da Saúde (Susam), diz que a ideologia de exclusão é similar à eugenia, proposta pelo regime nazista.
“Isso tinha relação com a ideologia nazista, muito próximo da eugenia, que era a ideia de branqueamento da raça. Um professor do Manoel Galvão chegou a escrever um livro sobre isso, e Manoel rompeu com ele. Aqui no Amazonas nos derrotamos esse pensamento, quando ele conseguiu fechar essa clínica”, diz.
Preocupação com a formação profissional
Manoel Galvão sempre se preocupou com a formação dos médicos psiquiatras, de acordo com Rogélio Casado. “Manoel sempre criticou a formação péssima dos profissionais e não à toa. A psiquiatria no Amazonas não tem avançado. Pessoas como Manoel Galvão e Silvério Tundes tinham um discurso muito potente, capaz de problematizar a realidade. Como professor, sempre estimulou seus alunos. Apesar disso, ele se desencantou com a área. Um homem como ele, com inquietação intelectual, é um parceiro de primeira hora, mas eu entendo a insatisfação dele com o setor”, conta Casado.
“Apesar de toda a luta, a reforma da psiquiatria, com a eliminação dos manicômios e sua substituição por redes de atendimento psicossocial, nunca sai do papel. Falta vontade de política”, reclama Rogélio Casado, dando pistas sobre o desencanto do médico Manoel Galvão com o segmento.
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