terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Adolescência

            Transformações que passam no adolescente e no jovem. É, também, um sintoma. E um tipo de teste, que pode enlouquecer o adolescente ou o transformá-lo num delinqüente.
            Para a psicanálise a adolescência não é uma passagem de tempo, e sim um momento chave. O problema da adolescência é da nossa civilização, e também da Medicina.
            Numa tribo, por exemplo, não há adolescência. E sim o rito de passagem. A sociedade perdeu esse rito de passagem, mas os Judeus ainda o mantém. Assim, o adolescente é tratado como uma criança-adulta. Além dos pais não saberem lidar com o adolescente.
            Na Idade Média não havia a adolescência. Pois o ensino era absolutamente profissionalizante, geralmente o indivíduo seguia a profissão do pai. E desde cedo era inserido no mercado de trabalho. Adolescente não é problemático, isso é um chavão. E um estereótipo idiota. A idade na psicanálise não serve para nada.
            Os impactos da civilização sobre o corpo levam as meninas a cada vez mais menstruarem mais cedo. São estimuladas pela compulsão do desejo e desenvolvem rapidamente suas características sexuais, no intuito de se exibir.
            Há fundamentalmente mudanças subjetivas graças ao exercício genital. Acaba a adolescência quando o indivíduo começa a transar. Pois a criança não tem relações sexuais. O estupro compromete a infância. Acaba com ela.
            Interessante notar que as crianças brincam e o brincar é extremamente saudável. Pois ela cria um mundo para si, ao contrário do adolescente que seu principal problema é o real do sexo. Construir sua identidade sexual e lidar com o outro.
            O adolescente vê a mãe como uma mulher, e por isso nega-lhe o afago. Já a criança vê a mãe diferente. Os pais têm problema em aceitar essa atitude, acham logo que é rebeldia. Pois o adolescente foge do desejo incestuoso através do fascínio pela rua.
            A criança vive em torno da família. O adolescente é um viajante. E esse termo foi criado no século XIX, porém tanto a adolescência como a infância vão se acabar. Pois antigamente a sexualidade era entravada. Hoje bem cedo são iniciados, desde casa aprendem a ordem do gozo a qualquer custo. As mães hoje em dia já colocam anticoncepcionais na bolsa da filha.
            O adolescente de hoje é reacionário, conservador e acomodado. A adolescência tem várias definições: momento chave para o futuro profissional. E muitos não querem enfrentar o real, não querem sair da faculdade e ir lá fora buscar uma vaga no mercado de trabalho.
            Pode ser definido também como um momento privilegiado no qual há o encontro da sexualidade. Pois há mudança de estatura, pois não é mais um corpo infantil. É um corpo que seduz com o olhar. E a genitalidade ocupa uma posição de dominação. Afinal, o sujeito tem uma identidade sendo homem, ou mulher. O ter, ou não ter divide o homem da mulher. O homem tem o falo, a mulher não.
            É preciso que o jovem ache esse corpo desejado. Adolescente geralmente se relaciona com indivíduos adultos. O problema essencial da adolescência é o afastamento dos pais. Procurando o outro e um ídolo.
            O corpo do adolescente foi criado na relação com a mãe e com o pai. Então, ele procura uma identificação nos ídolos. Que muitas vezes são bissexuais, drogados são uns verdadeiros perdidos. O pai esclarecido deve oferecer oportunidades para o conhecimento de bons ídolos.
            O adolescente usa piercing, ou qualquer outra coisa para prender o olhar do outro. Eis um grande problema: o lidar com esse olhar do outro, daí surge à anorexia, bulimia e o dismorfismo fóbico.
            Todo cirurgião plástico sabe que é arriscado fazer uma cirurgia num adolescente. Pois ele pode ver o corpo dele igual ao dos pais. E fazer cirurgias desnecessárias.
            O que é preciso entender é que não se pode definir a adolescência, velhice ou infância pela idade. Pois na Adolescência a diferença dos sexos é mais forte que a diferença das idades...
           

Nenhum comentário:

Postar um comentário